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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cair no Poder




Hoje em dia, temos acesso a muitas matérias, defendendo a prática conhecida como "cair no espírito". O interessante é que atacam aqueles que não a aceitam. É necessário, que se efetue uma análise desses argumentos, pois se os autores dessas matérias têm razão, então deveríamos também concordar com eles; contudo não é essa a minha conclusão. Vamos analisar alguns argumentos.

Inicia-se afirmando que "nada é pior do que as palavras daqueles, que dizem que o ministério do cair pelo poder de Deus é algo do Diabo"; e que é "triste ver a obra de Deus ser tratada dessa forma". Para que concordemos com tais afirmações, seria necessário que aceitássemos que tal prática, tem sua origem em DEUS, mas isto não foi provado.

Também afirmam, que os que rejeitam tal prática como válida para a Igreja, "não tem a revelação do amor e do poder de Deus" e que, "em geral os que dizem isso, são aqueles que não tem nenhum compromisso sério com o Evangelho". É uma coisa muito séria rotular uma pessoa de descomprometida com o Evangelho, baseado apenas em não aceitar tal pratica (ou movimento). Não estar comprometido com o evangelho, significa ser falso em se dizer cristão, pois rompeu o compromisso que assumiu com CRISTO. Ora, desde menino, aprendi que se estou apoiado na verdade, não necessito acusar ninguém para defender a minha posição, pois não é por provar que o outro está errado que estarei provando que estou correto.

Para embasar tal prática, usam-se de Mt 7.16, 20 e 21 para argumentar que DEUS pode se manifestar de qualquer forma em nossa limitada mente, mas o texto citado nada tem a ver com a manifestação de DEUS. Leia o texto:
“Por seus frutos os conhecereis. Porventura se colhem uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”.
O texto fala sobre o fato de termos cuidado com aqueles que se dizem cristãos, mas de fato não o são, e nos exorta a analisá-los mediante os seus frutos. Ora como se efetua tal análise? Seria pela quantidade ou pela qualidade? O que diz a Palavra de DEUS?
“Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus
      Discípulos”. (Jo 10.8)
Um fruto só é válido se ele glorifica ao Pai. Não importa o quão seja belo, se sua aparência é apetitosa, se é bem aceito pelas pessoas, se é produzido em larga escala ou se parece santo. Se não glorificar o Pai não é um fruto produzido por um discípulo de CRISTO. A Bíblia nos diz que em um determinado momento da história surgirão falsos profetas disfarçados de "anjos de luz" (II Co 11.14), e que muitos seguirão falsos mestres por não mais amarem a sã doutrina (II Tm 4.3). Paulo diz:
“E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras, e lisonjas enganam os corações dos simples.(Rm 16:17-18)
Portanto não é pelo fato de alguém parecer santo e ensinar de forma a atrair muitas pessoas parecendo tudo ser certo, significa que tem o selo de aprovação divina. Esse "selo" só é dado àqueles que realmente fazem de tudo para que DEUS seja glorificado.

Logo após o uso do texto de Mateus afirmam que os adeptos desse movimento, são honrados por DEUS por pregarem a "manifestação do Seu poder", e que mesmo os de "bom coração" que o criticam, o fazem pois "só conhecem tradições, e não entendem o mover de Deus". É curioso como é fácil se colocar em posição de mais espiritual que os demais (em especial em relação daqueles que discordam do que se ensina). É inevitável efetuar comparações às afirmações expostas por esses autores, pois são similares a de outros tantos homens e mulheres na história recente. Exemplos?
       
Charles Taze Russel (primeiro líder das Testemunhas de Jeová)
Ellen Gould White (principal líder e profetisa dos Adventistas)
Joseph Smith (líder e primeiro profeta dos mórmons)
David "Moses" Berg (fundador dos Meninos de Deus)





Esses e outros tantos líderes de seitas e movimentos heréticos, quando são questionados sobre seus ensinamentos irem contra a palavra de DEUS, usam o mesmo argumento. Isto por si não significa que todos os adeptos do “cair no poder” também sejam hereges do mesmo nível que essas pessoas, mas evidencia que seus argumentos não são nem inéditos e tampouco irrefutáveis.

A perseguição dos tais também está no processo de rotular aqueles que os contradizem, como sendo, espiritualmente imaturos; e utilizam o texto de II Pe 3.10-16 para embasar sua afirmação. O que diz o texto?
“E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. II Pe 3:10 e 16.

O texto fala sobre alguns pontos mais complexos das cartas de Paulo, e que haveriam pessoas que as distorceriam, e isso acarretaria em sua própria condenação. É interessante ler o verso seguinte:
“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza”. Isso é uma alerta para evitar novidades e distorções das Sagradas Escrituras.

  
  Outro argumento usado é dizer que muitas pessoas aderiram ao "cair no poder", e que se isso não fosse de DEUS não teria grande aceitação.
Bem, todos os cristãos pecam, e isso não torna o pecado aceitável por DEUS, ou seja, não é fato que por uma prática ou doutrina possuir ampla aceitação da Igreja, tornará tal doutrina ou prática correta. A verdade é verdade, mesmo que ninguém creia nela.

Veja mais um texto utilizado para embasarem seus argumentos:
“Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo o reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda a cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino”? (Mt 12.25 e 26)
Aqui não se fala sobre o fato de a maioria autenticar ou não uma prática ou doutrina, mas sobre o fato que acusavam JESUS de expulsar demônios em nome de satanás. Ele argumenta então que, se assim fosse, o reino das trevas estaria se auto-destruindo. O texto centra-se nos seguintes pontos:
1)    Autoridade de JESUS sobre demônios. 
2)    Sua divindade, pois podia ler os pensamentos dos homens, mostrando assim uma característica exclusiva de DEUS: a onisciência.
3)    Sua sabedoria ao expor o erro na lógica dos homens.

Logo, ao afirmar que "cair no poder" é um "sinal profético dos últimos dias para a Igreja do Senhor", necessitamos saber onde na Palavra de DEUS está escrito que tal prática seria um sinal da volta de JESUS? Temos então coerência o suficiente para reconhecer que não há base bíblica para tal afirmação. Por isso não citam nenhum texto que lhe sirva como base.       

Afirma ainda que os que questionam tal prática, agem como Nicodemos, que não entendia o que JESUS fazia. É evidente que optam sempre por tentar rotular e definir os que são contrários ao que eles defendem como menos espirituais. Usam ainda o texto de Lc 12.10 para alegar que aquele que questiona a obra de DEUS comete pecado e ofende a DEUS. Vejamos o texto:
“E a todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á perdoada, mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo não lhe será perdoado.
Blasfemar não significa questionar. Segundo o dicionário Michaelis, o seu significado é: (lat blasphemare) vint 1º Proferir blasfêmias. Vti 2º Dizer palavras ofensivas a pessoa ou coisa digna de respeito. 3º Praguejar, maldizer, amaldiçoar, imprecar.
Ora, aqui não é o caso.
Primeiro porque não estamos ofendendo ninguém e tampouco nos atemos em tentar rotular os adeptos desse movimento.
Segundo por que o que está sendo analisado não é DEUS ou Sua obra, mas se tal doutrina (cair no poder) vem de DEUS.
Finalmente, insistem apresentar textos que embasem a prática que ensinam, e que não pretendem convencer ninguém de nada, pois isso seria função do Espírito Santo. Também afirmam que após as pessoas "caírem", elas se erguem sentindo-se mais íntimas de DEUS, com maior prazer em servi-Lo e adorá-Lo, e ainda dizem a DEUS:"Eu te amo, Pai!"

Entendendo que isso (tal mudança comportamental nos que "caem") é real, não seria o caso de questionar se tais pessoas realmente conheciam a DEUS? Seriam salvas? Pode um salvo por CRISTO JESUS nunca ter dito que ama a DEUS? Que salvação é essa? Será possível que haja um verdadeiro cristão que não tenha prazer em adorá-Lo?

Vamos analisar mais textos que apresentam para defender a prática do "cair no poder":

Atos 22.6 a 9: “Ora, aconteceu que, indo eu já no caminho, e chegando perto de Damasco, quase ao meio-dia, de repente me rodeou uma grande luz do céu. E caí por terra, e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E eu respondi: Quem és, Senhor? E disse-me: Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues. E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, e se atemorizaram muito, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo.     

Ezequiel 1:28: Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor. Este era o aspecto da semelhança da glória do SENHOR; e, vendo isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de quem falava.

     
Daniel 10:7-9: E só eu, Daniel, tive aquela visão. Os homens que estavam comigo não a viram; contudo caiu sobre eles um grande temor, e fugiram, escondendo-se. Fiquei, pois, eu só, a contemplar esta grande visão, e não ficou força em mim; transmudou-se o meu semblante em corrupção, e não tive força alguma. Contudo ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí sobre o meu rosto num profundo sono, com o meu rosto em terra.

O texto de Ezequiel descreve um ato voluntário de prostração (deitar-se com a face em terra em sinal de adoração ou profunda reverência). Ezequiel não caiu como querem nos fazer entender. Quanto a Daniel e Paulo realmente ambos caíram, mas qual foi a conseqüência? Ambos impactaram suas épocas e a história do mundo. Realmente podemos dizer que estes homens revolucionaram a história.

Hoje em dia milhares de pessoas "caem" por aí. Qual tem sido a conseqüência disso para o mundo que nos cerca?
De positiva nenhuma.
Pensem bem: se dois caíram e mudaram tanta coisa, qual seria a conseqüência lógica de milhares "caindo no poder de Deus". Deveríamos ter conversões em massa. Uma busca pela santidade sem precedentes e a Palavra de DEUS anunciada a todo o mundo de tal forma que estaríamos muito próximos de fazer com que todos os homens e mulheres conhecessem o Evangelho. É isso que tem sido visto? Não.
Temos visto um Evangelho diluído a modismos, pastores corrompidos pelo poder e pelo mundo, igrejas sem amor pelas almas, falta de conhecimento da Palavra pelo povo de DEUS e uma adoração ou mecânica, ou emocionalista.

Se "cair no espírito" ou "no poder" fosse algo de DEUS porque surgiu somente no final do século XX? Somos levados a concluir que isso é tão somente um modismo conduzido pela histeria de início de milênio, e que ao cruzarmos esse marco no calendário, surgirão novas modas.

Não questiono que DEUS tenha capacidade de fazer algo e é bem verdade que, se alguém, tal qual Paulo, chegar a ver uma manifestação da glória de Deus, com certeza se não se prostrar voluntariamente será levado ao chão.
Contudo o que está ocorrendo em alguns templos evangélicos nos leva a concluir que é apenas histeria religiosa em massa. Nada além disso. O que percebemos é que as pessoas não querem passar por um processo longo de purificação e santificação. Uma mortificação diária e uma submissão constante de suas vidas ao Senhorio de JESUS. O que alguns líderes estão vendendo e muitas pessoas estão comprando é uma suposta santificação instantânea.

“Caia carnal e levante espiritual.”

Essa é a propaganda divulgada. Propaganda esta, tremendamente enganosa e mortal.

Não questiono o poder de DEUS, mas sei que não é cair. A Bíblia diz bem claro que o poder de DEUS é o Evangelho:

Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do Grego. (Romanos 1:16)
Não se cai no Evangelho. Ele existe para ser vivido e comunicado. Ser exposto, amado, respeitado e obedecido; mas infelizmente muitos por ouvirem falsas doutrinas caem do Evangelho e da graça recebida. Em que situação você se encontra?
Graça, paz e sabedoria!

Evangelista Erick Caetano.

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